sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Duplos mortais no solo.

Pois bem. Depois dos elementos preparatórios, podemos falar da parte mais emocionante das provas de solo: os duplos mortais. É nessa hora que as ginastas demonstram força, impulsão, velocidade de rotação e controle. Existem apenas 13 duplos mortais no solo feminino. Muitos outros existem nas provas masculinas, mas não ocorrem na ginástica feminina porque foram proibidos por motivos de segurança ou porque as ginastas não conseguem realizá-los por seu elevado grau de dificuldade.

Os duplos mortais são nomeados de acordo com os seguintes aspectos:
1. Posição do corpo: grupado (corpo encolhido), carpado (corpo em forma de L) ou esticado (corpo totalmente estendido);
2. Direção (para frente ou para trás);
3. Quantidade de piruetas (os giros de um lado para o outro, como um parafuso, realizados durante o mortal).

Aí vai uma lista de todos os duplos mortais existentes no código de pontuação de solo na ginástica feminina:

• Duplos mortais para trás:
Duplo mortal grupado (DG):
Outros nomes: Kim.
Valor: D (0,4).
É o mais simples dos duplos mortais. Não muito presente nas séries dos últimos anos pelo baixo valor de dificuldade (valia C até 2008). Agora que tem um valor maior, é bem provável que volte a aparecer principalmente no fim das séries em substituição ao duplo carpado.



Duplo mortal grupado com pirueta (TG):
Outros nomes: tsukahara grupado; Muchina.
Valor: E (0,5).
É um elemento bastante comum. Sua dificuldade consiste em girar o corpo em duas direções ao mesmo tempo. Todos os duplos mortais com pirueta são comumente chamados de Tsukahara, nome do ginasta japonês que inventou esse movimento. A pirueta pode ser realizada no primeiro mortal (full-in), no segundo mortal (full-out), ou ainda entre os dois (half-in half-out), mas o mais comum é ocorrer no primeiro mortal. A maioria das ginastas afasta bastante as pernas depois da pirueta.

Duplo mortal grupado com dupla pirueta (DD).
Outros nomes: dupo com dupla; Silivas.
Valor: G (valor máximo, 0,7).
É um dos duplos mortais mais difíceis. Precisa de muito controle e altura, porque são realizadas duas piruetas durante os mortais. Pouquíssimas ginastas o executam.



Duplo mortal carpado (DC).
Valor: D (0,4).
É o duplo mortal mais comum. Quase todas as séries de solo têm um duplo carpado na saída para cumprir a exigência. Muitas ginastas chegam com o tronco baixo no duplo carpado.





Duplo mortal carpado com pirueta (TC).
Outros nomes: tsukahara carpado; Muchina.
Valor: E (0,5).
A pirueta é realizada na posição esticada durante o primeiro mortal, já que é dificílimo fazer piruetas na posição carpada. Precisa de um pouco mais de altura que a variedade grupada, sendo por isso um pouco mais difícil de se executar. A separação das pernas nesse elemento é ainda mais comum. Nunca vi um TC com pernas unidas até o fim. Muitas vezes a chegada é com o tronco baixo, assim como no duplo carpado.
Duplo mortal esticado (DE).
Valor: F (0,6).
Na minha opinião, é o mais bonito dos duplos mortais, quando bem realizado. Precisa de muita altura e velocidade de rotação. É um elemento bastante difícil. Os erros de execução mais comuns nesse elemento são: dobrar e afastar as pernas, tronco baixo na chegada, não manter bem a posição estendida.

Duplo mortal esticado com pirueta (TE).
Outros nomes: tsukahara esticado; Chusovitina.
Valor G (valor máximo, 0,7).
Elemento bastante raro. Precisa ainda de mais altura que o duplo esticado, porque além dos dois mortais estendidos, ainda precisa fazer uma pirueta. A pirueta pode ficar em qualquer dos mortais assim como no tsukahara grupado.

• Duplos mortais para frente:
Duplo mortal grupado para frente.
Outros nomes: Podkopayeva; duplo pra frente.
Valor: E (0,5).
Este é o único duplo mortal que começa de frente existente no código de pontuação. Qualquer mortal ou duplo mortal para frente é mais difícil que o mesmo mortal para trás, porque fica muito mais difícil ganhar altura e, além disso, ocorre a chamada blind landing, ou chegada cega: a ginasta não vê o solo na chegada e não consegue calcular bem se está próxima ou distante dele. A maioria das ginastas separa as pernas nesse mortal. Algumas, como a americana Nastia Liukin, têm uma separação extrema das pernas, perdendo 0,3 ponto (http://www.youtube.com/watch?v=PE5RQG3u1QU).

Duplo mortal grupado para frente com meia volta.
Outros nomes: Podkopayeva.
Valor: E (0,5).
Variação do Podkopayeva. É necessário um pouco mais de altura e mais técnica para executá-lo. Em compensação, não ocorre blind landing e a chegada fica mais segura.


Duplo twist grupado (DTG).
Outros nomes: meia volta duplo grupado para frente.
Valor: E (0,5).
Twist é qualquer mortal que começar de costas, mas antes de iniciar a rotação do mortal, fazer meia volta ainda estendido (mesmo que o mortal seja grupado ou carpado) e ficar de frente [veja as figuras dos twists]. Logo, todos os twists são mortais para frente. DTG é como um podkopayeva que começa de costas.

Duplo twist grupado com meia volta.
Valor: E (0,5).
Variação do DTG para evitar blind landing.








Duplo twist carpado (DTC).
Outros nomes: Santos I; meia volta duplo carpado para frente.
Valor: F (0,6).
Precisa de muita altura. Tem uma chegada perigosa, pois as pernas podem chegar ao solo ainda retas se não completar a rotação. É um elemento muito difícil.




Duplo twist esticado (DTE).
Outros nomes: Santos II; meia volta duplo esticado para frente.
Valor: G (valor máximo, 0,7).
É o elemento mais difícil do solo, sem dúvidas. Parecia até ser impossível. Executado apenas por Daiane dos santos até hoje e incorporado ao código de pontuação em 2008, nas olimpíadas.