domingo, 22 de abril de 2012

Código de Pontuação 2013: SOLO

Com a chegada de mais um ciclo olímpico no ano que vem, a FIG vem preparando algumas modificações no código de pontuação da GAF. Nesta primeira postagem, vamos discutir um pouco as possíveis mudanças que teremos nas séries de solo a partir dos esboços do Código de Pontuação 2013 que a FIG nos disponibilizou há algumas semanas.

A mudança que mais me chamou a atenção nesse novo código é a extensão das fórmulas de ligações, seção com as mudanças mais significativas e que comentarei neste post.
A maior das polêmicas, no entanto, é a aparição de um novo valor de elemento: H, com valor 0.8, e que surge apenas para o solo. Parece-me uma ideia muito justa, já que a tendência ultimamente era ver cada vez menos elementos G, como duplo com dupla e tsukahara esticado, já que conexões como tempo + tripla acabavam por corresponder-lhes em valor (E+0.2). O problema é que o único elemento que permaneceu com valor G foi o Dos Santos II, o duplo twist esticado, que seria, na opinião de muitos, o elemento mais difícil presente no código. É de fato estranho: a abertura de DC para DE acrescenta 0.2 (D a F), enquanto a abertura de DTC para DTE, muito mais complicada, acrescenta 0.1 (F a G).

Além disso, teremos uma valorização ainda maior dos elementos de dança, como se verifica na lista abaixo. Todos os saltos com meia volta foram abolidos (exceto os com abertura de 180°). Dentre os que restaram, muitos tiveram seu valor aumentado, o que se explicaria talvez pelas novas possibilidades de conexão mistas e de dança.
Observação esquisita: Brotaram do nada alguns elementos A que antes não estavam no código, por serem extremamente básicos, como salto galope (simples), salto estendido com pirueta, salto grupado (simples), salto Wolf (simples). Ou seja, até as nossas tias poderiam completar uma série de oito elementos usando essas coisinhas aí. Não sei ainda por que apareceram. Temos ainda três novos elementos, todos de dança: o Johnson com pirueta da Bulimar (D), o saltinho esquisito da Csillag (C) e o triplo cossaco fatal da Mitchell (E).

Falando em Mitchell, má notícia pra ela: a ligação mista D+A não vai mais bonificar. Ou seja, adeus modinha de duplimeia bate stag, DC + espacate e similares. Eu até curtia, e por mim o bônus permaneceria.
Por fim, temos uma ótima notícia: o código está mais exigente com a artisticidade da série, com deduções artísticas e de composição mais específicas, mais organizadas e mais severas do que no ciclo passado.

Vejamos agora essas novas conexões:

A) INDIRETAS.
B+D – 0.1. Exemplos: arabian ao passo – DG. Whip com pirueta – DC. Essa aqui é injusta, na minha opinião, já que D+B direto já bonifica 0.1.

D+D – 0.2. Exemplo: duplimeia ao passo – DG. Não sei como vai funcionar pra aquela canadense que faz duplimeia ao passo tripla. Talvez bonifique 0.3 nesse caso.

C+E (duplo mortal) – 0.3. Exemplo: 1.5 ao passo – DTG. Essa eu não entendo. Todo mundo já faz essa ligação, já é popular o bastante bonificando 0.2, não vejo necessidade nenhuma de valorizar ainda mais. A Raisman vai se esbaldar com isso aí. Pelo menos talvez apareça alguém tentando 1.5 ao passo – TG/TC, o que seria bem legal.

B) DIRETAS.
A+D (duplo mortal) – 0.1. Exemplo: whip + DC. DG + mortal pra frente. Parece uma bela tentativa de voltar aos velhos tempos. O bom é que não dá muita abertura para exploração das GSL, já que os únicos duplos mortais de valor D são esses dois que citei.

A+F – 0.3. Exemplo: DE + mortal pra frente. Whip + DE (*-*). DTC + mortal pra frente. Minha bonificação preferida. Muito justa, já que são arriscadíssimas essas ligações. E vai estimular as ginastas a fazerem coisas bem difíceis. Quem sabe alguma louca não faz moreno + mortal pra frente.

C) MISTAS.
C/D+B (dance) – 0.1. Exemplo: dupla pirueta/1.5/pirueta pra frente/DG/DC/duplimeia + split ½. Afastado ½. Shushunova 1/1. Grupado 1/1. Wolf 1/1 ao apoio facial. Ligação meio louca, mas que pode dar uns efeitos muito bons. O máximo que já vi de parecido até hoje foi dupla pirueta + shushunova 1/1. Mas talvez apareçam algumas coisas interessantes daí, que nem consigo imaginar. Talvez pirueta pra frente ao passo + cortada.

D) GIROS.
D+B (com passo) – 0.1. Exemplo: Memmel + giro em L. Isso vai ser muito lindo. Fico imaginando ligações desses duplos giros com outros giros. Uma coisa bem Sanne Wevers. É uma boa estratégia pra aumentar a nota sem muito desgaste físico.

B+B (sem passo) – 0.1. Exemplo: giro em L + giro em Y. Variação do anterior, só que mais complicadinho de fazer, porque é tipo Sui Lu na trave: acaba o giro e inicia o outro na mesma perna. Talvez não seja muito popular, porque não usa elementos que entram para a nota de dificuldade.

Mudanças de valor dos elementos de dança:
- Split jump 1/1 aumenta para C. -> As GSL vão adorar isso.
- Split jump 3/2 aumenta para D.
- Popa aumenta para C. -> As GSL vão adorar isso [2].
- Popa com meia aumenta para D.
- Ring leap aumenta pra C. -> As GSL vão adorar isso [3].
- Galope 1/1 aumenta para B.
- Galope com 2/1 aumenta para C. -> As GSL vão adorar isso [4].
- Salto em L 1/1 aumenta para C.
- Salto grupado 1/1 aumenta para B.
- Salto grupado 2/1 aumenta para C. -> Justíssimo! Esse salto é muito difícil de completar.
- Duplo cossaco aumenta para D.

Possibilidades interessantes:
Arabian grupado ao passo – DG + mortal pra frente (D+0.2). Passada simples, carismática e simpática, que, se bem realizada, desconta menos que um DE, por exemplo.
Tempo pra frente + Podkopayeva (F+0.3). Uma passada à la Bross que aproveita o aumento do valor – justíssimo! – do Podkopayeva, que antes valia E, e jamais foi realizado exceto pela própria criadora.

Conclusões:
Podemos a partir desse esboço prever como serão as séries a partir do ano que vem: com menos passadas e mais elementos de dança, como já é tendência. Com mais ligações que antes estavam extintas. Com mais elementos difíceis. Com cada vez mais giros, e com o retorno dos jumps (saltos partindo dos dois pés), que foram completamente abandonados no último ciclo.
No geral, as mudanças para o solo parecem bastante positivas e promissoras. Creio que as séries vão ficar mais interessantes, singulares e artísticas. O que vocês acham?